"Desde sempre foi ela."

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  Hoje faço 21 anos, e é mais um dia que estou em casa a descansar porque tenho de "descansar"... Mas não podia deixar de partilhar uma das grandes surpresas do meu dia, um TEXTÃO maravilhoso que a pessoa que me conhece desde sempre, preparou com muita dedicação e puro amor. Digo-vos que posso não ter muitos amigos, mas os que tenho são os MELHORES em todos os sentidos, garanto-vos! E eu? Sou uma mulher cheia de sorte e não sabia!

  A ti MJ, simplesmente obrigada por existires e me continuares a querer na tua vida. Obrigada por me mostrares o lado bom de aqui estar, e não desistires de mim e dos meus sonhos! Obrigada também por todas as composições de Inglês que me fizeste na escola, por eu não saber escrever uma única frase com sentido. OBRIGADA!



" Desde sempre foi ela.
Não há muito mais formas de vos contar isto, mas, talvez se começar de outra forma seja mais fácil perceber:
Um dia cheguei a casa, e como quem tira uma dúvida existencial, perguntei à minha mãe:
— Porque é que me chamaste Maria João?
A minha mãe respondeu-me que era um nome bonito, mas a sério, e que me ficava mesmo bem.
Eu respondi-lhe, entre soluços:
- Mas eu não queria, mãe. Eu queria ser Joana Filipa Vasconcelos Duarte!
Continuo a ser Maria João, mas o nome dela existe em mim com a mesma importância que tinha quando se tem 3 anos e se sente muito.
É que...desde sempre foi ela. E o desde sempre vai até onde acaba a memória — ou melhor, onde começa. É claramente um daqueles amores assim, "que nunca têm início, muito menos têm fim". A primeira amiga. A—primeira—amiga.
Isto dito assim ganha algum peso, mas a Joana assumiu essa responsabilidade com a leveza de alguém que sempre soube bem o que quer, num dia qualquer do Jardim de Infância de Santa Isabel em 1999. Mal sabíamos nós que iria ser para o resto dos recreios da vida...Começámos a brincar às mães com bebés feitos de chapéus e areia no infantário. O infantário acabou. Nunca mais andámos na mesma escola. Nunca mais nos separámos.
É engraçado pensar que tínhamos menos de um metro quando nos conhecemos. É ainda mais engraçado pensar que agora temos pouco mais, mas passaram quase 17 anos e continuamos aqui, com uma vida inteira de amizade guardada no coração, que nos presenteia com memórias para todos os gostos, de todos os lugares.
Nunca me vou esquecer da primeira vez que fui a casa dela e acho que comi carne de touro (é claro que não era touro, mas não se mudam memórias tão ternas como esta!); ou do quintal onde brincávamos às lojas e eu lhe comprava “Lacolak”.
Já mudámos de casa, de cidade, de amigos, de namorado, de look, de crenças, de modas, de espírito. Mas sei que, passe o tempo que passar, esteja onde estiver, ela está comigo, e as portas da casa e da família da Ju estarão sempre abertas para mim. Sim, porque a amizade, o carinho, o amor, construiu-se pela família toda. Da mana do meio, com quem andei ao colo, à mais nova, que vi nascer, ao Sr. Carlos que durante estes anos todos apontou a conta do Hotel (sim, porque feitas as contas, de certeza que passei mais dias de Verão lá em casa do que na minha), à Isabel, que foi e será sempre uma mãe extraordinária e o é para mim também, À vóvó e o seu “Queres estar calada, Maria?!” só para me tirar do silêncio que me caracterizava. Até os animais me aquecem os pés na cama desde sempre. Crescer com eles tem sido maravilhoso!
Mas às vezes a vida é fodida, é mesmo, e nem sempre estamos tão perto quanto queríamos e devíamos. Sei que ambas temos saudades. Sei que ambas percebemos tudo. (Outra das coisas que sempre adorei em nós é que não precisamos de falar muito. A Ju sempre foi reservada, nunca foi de grandes falas, é difícil fazê-la desabafar, mas aprendi a percebê-la, e espero que a dar-lhe força, sem termos de falar muito. Estarmos uma para a outra sempre foi o suficiente). Mas acho que há coisas que gostava de já lhe ter dito e acho que nunca lhe disse. Nunca lhe disse que é uma inspiração para mim desde o meio metro. Que a admiro imenso e que não era só no nome que queria ser como ela em pequenina. Era na garra para levar os projetos às costas, na energia para inventar coreografias lindas em 5 minutos na sala e apresentar à família, na elegância com que sempre fez tudo, no talento, na força que sempre teve para viver 48h num dia, na persistência nos momentos mais duros, na luta pelos sonhos e no modo como convence os outros a sonhar com ela, na forma como sempre foi a melhor do grupo, na forma como era, é e será para sempre a melhor atleta que já conheci, principalmente a fazer como quem come chocolates aquela que, até experimentar, me apareceu a coisa mais inexequível do mundo: patinar.
Quero dizer-lhe que estou desmedidamente agradecida pelos momentos e experiências que me proporcionou. Os melhores foram sempre com ela. É impagável a sensação que me dá do passar do tempo, de acordar, vestir um casaco e ir para a sala ver televisão: no início desenhos animados, depois passamos para o Inspetor Max, depois o bando dos 4, até alcançar idade para ver os Morangos Com Açúcar, subindo de nível para as novelas, e finalmente os filmes a sério. De andar de bicicleta. Das festas de aniversário na garagem. De me ter partido o queixo na tijoleira da cozinha. De aprender a gostar de arroz de cabidela. De ir ao rio, à praia e à neve. De apanhar sol no jardim e andar na piscina todo o santo dia. De ir aos treinos com as manas, de acordarmos cedo para ir para as provas e de o medo e nervosismo ficarem mais pequeninos por tê-las comigo.
Já passámos mesmo por tudo e mais alguma coisa. Já fomos, já viemos, já fizemos, já nos arrependemos, já adormecemos, já ficámos acordadas, já fomos loucas, já fomos bem-comportadas… E sabem? Enche-me de orgulho que mais ninguém saiba o que é Lacolak, ou que mais ninguém tenha uns chinelos exclusivos como eu tenho para mim na casa dela… enche-me de orgulho ser a amiga de infância da Joana.
Sempre apoiámos os sonhos e acompanhamos o percurso uma da outra. Hoje ela faz 21 anos e a vida dela, como a minha, já deu milhões de voltas. Às vezes ficamos tontos de tanto girar e confusos em relação ao nosso lugar. Com esta minha humilde e sincera homenagem de hoje, quero muito lembrá-la de quão valioso é isto de estarmos vivos e termos consciência disso, daquilo que a vida já nos deu, e principalmente, do que ela tem para nos dar. Quero lembrá-la ainda das toneladas de coisas boas que o mundo tem para lhe oferecer, e dos próximos 16 anos que a nossa amizade merece que vivamos, juntas.
Quero muito que ela saiba, hoje e sempre, que é uma mulher absolutamente maravilhosa que já alcançou, com esta idade, o que a maior parte não consegue nunca. Que a mochila que carrega às costas pesa, porque a vida tem o hábito de a deixar desarrumada, mas pesa pelas medalhas. (Deviam ver as medalhas que ela tem! São milhares e mais merecidas do que ninguém.).
O teu lugar é sempre, sempre no pódio, miúda. E eu vou estar aqui para te ajudar a ganhar no campeonato que é a vida, e para nunca te deixar desistir da corrida. Nunca te esqueças disso.
És insubstituível, imperdível e infinitamente importante para mim.
FELIZ ANIVERSÁRIO, MEU AMOR! Celebra-o. Celebra-te. É assim que a vida nos quer wink emoticon
Xi-coração,
Maria."


 



                                                                                                WN?

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